A FÉ SUBMISSA.

Na oração revelamos a fé em Deus e em seu providente cuidado, sabendo que ele jamais nos desampara: “Invocar a Deus é o principal exercício da fé e da esperança; e é assim que obtemos da parte de Deus todas as bençãos”.[1]
Davi, relembrando o livramento de grandes armadilhas, diz o que fez: orou e entregou sua vida a Deus (Sl 31:1-5). Portanto, “Aquele que confia na providência divina deve fugir para Deus com orações e forte clamor”. [2]
Ao orarmos sinceramente, conforme as Escrituras, estamos submetendo
nossa vontade a Deus; isto significa que não pretendemos ensinar-lhe nem
mudar sua vontade; antes, colocamo-nos diante dele dizendo: “creio que a
tua vontade é a melhor para minha vida; cumpre em mim o teu propósito”.
Orar é entregar confiantemente o futuro a Deus, a fim de que ele concretize sua eterna e santa vontade em nós.
A oração revela nosso desejo de que a vontade dele se realize.
portanto, oramos não para que Deus realize nossos desejos, mas para que
concretize seus juízos: “…faça-se a tua vontade” (Mt 6:10). [3] Longe de
nós pretender impor nossos desejos a Deus!
Quando oramos, buscamos o Pai (Mt 6:5-6).
Este é o sentido genuíno da oração. Não estamos, através da oração, em
busca de recompensas humanas: aplauso, alto conceito a respeito de nossa
devoção e piedade. Apesar de esta “recompensa” ser geralmente mais
imediata, não a buscamos. Pelo contrário, oramos ao Pai para de fato
falar com ele, colocando diante de seu trono de graça nossas
necessidades. E neste procedimento, jamais devemos nos esquecer de que
ele sabe todas as coisas. Quando assim procedemos, estamos imitando o
exemplo de Cristo, como disse Calvino:
Sempre que nossos males nos oprimem e nos torturam, retrocedamos nossa
mente para o Filho de Deus que suportou o mesmo fardo. Enquanto ele
marchar diante de nós, não temos motivo algum para desespero. Ao mesmo
tempo, somos advertidos a não buscar nossa salvação em tempo de
angústia, em nenhum outro senão unicamente em Deus. Que melhor guia
poderemos encontrar para oração além do exemplo do próprio Cristo? Ele
se dirigiu diretamente ao Pai. O apóstolo nos mostra o que devemos
fazer, quando diz que ele endereçou suas orações Àquele que era capaz de
livrá-lo da morte. Com isso ele quer dizer que Cristo orou
corretamente, visto que recorreu ao Deus que é o único Libertador. [4]
Mesmo sem conseguir entender perfeitamente a extensão desse maravilhoso ministério, não podemos deixar de orar,
um privilégio que Deus graciosamente nos concedeu de podermos falar com
ele e de exercitar nossa fé na sua soberana providência (1Sm 1:9-20; Sl
6:9; Pv 15:29; Mt 26:41; Lc 1:13; 1Ts 5:17; Tg 4:2-3; 1Jo 5:13-15).
Notas:
[1] – As Institutas, João Calvino (1541), III.9.
[2] – João Calvino, O Livro dos Salmos, vol. 2, p. 27.
[3] – As Institutas, João Calvino (1541), III.9. Cf. tb. III.20.43; Instrução na Fé, cap. 24, p. 66.
[4] – João Calvino, Exposição de Hebreus, p. 134.
Fonte: Fundamentos da Teologia Refomada, Rev. Hermisten Maia. Ed. Mundo Cristão, 2007. p. 121-123, via: http://www.bereianos.blogspot.com.br.
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