A ORAÇÃO DE JABEZ (PARTE II)
E POR QUE NÃO PEDIR?
“Oh! Que me abençoe”!Você está num retiro espiritual nas montanhas junto com outras pessoas que
desejam experimentar uma vida cristã mais plena.
Durante o retiro, cada participante tem tido acesso a um mentor pessoal.
O seu mentor está na casa dos setenta anos e tem influenciado pessoas por
mais longo tempo do que os anos que você tem de vida.
A caminho do banheiro no primeiro dia pela manhã, você passa diante
do quarto de seu mentor.
A porta está entreaberta e ele acabou de se ajoelhar
para orar.
Você não resiste e pensa:
Como é que um gigante na fé começa suas orações?
Para por um instante e chega mais perto. Será que ele vai orar por um
reavivamento espiritual? Pelos famintos ao redor do mundo?
Será que ele vai orar por você?
Mas o que ouve é a seguinte oração:
“Ó Senhor, a primeira coisa que te peço esta manhã pe que abençoes... a mim”!
Chocado diante de uma oração egoísta como esta, você segue para o chuveiro.
Porém, enquanto ajusta a temperatura da água, um pensamento lhe sobrevém.
É tão óbvio que você se surpreende por não ter pensado nisto antes:
Os grandes homens de fé tem uma maneira de pensar diferente da nossa.
Depois de se trocar e se preparar para o café, você já está convencido.
A razão pela qual homens e mulheres de fé se destacam do resto é que
eles pensam e oram de maneira diferente daqueles que o cercam.
Será possível que Deus queira que você seja mais “egoísta” em suas orações?
Que você peça mais – e cada vez mais – em suas orações?
Conheço muita gente na Igreja – cristãos sinceros –
que crêem que pensar assim é um sinal de imaturidade.
Acham que parecerão mal-educados ou gananciosos se pedirem
mais bênçãos à Deus.
Talvez você também pense assim. Se for este o seu caso, quero mostrar-lhe
que tal oração não é a atitude egoísta que parece ser, mais uma postura
altamente espiritual, uma que nosso Pai Celestial deseja muito ouvir de você.
Primeiramente vamos olhar de perto a história de Jabez:
Ganhos em vez de perdas!
Até onde sabemos, Jabez viveu no reino do sul, Israel, depois da
conquista de Canaã, e durante o tempo dos juízes.
Ele nasceu na tribo de Judá, tornando-se finalmente um notável líder de seu clã.
Na realidade, porém, sua trajetória começa com seu nome:
“Sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com dores o dei a luz”.
A palavra hebraica “Jabez” significa “dor”. Uma tradução mais literal poderia ser:
“ele causa (ou causará) dores”.
Isto não parece apontar para um futuro muito promissor, não é?
Todos os bebês chegam provocando uma certa intensidade de dor,
mas o nascimento de Jabez teve alguma coisa fora do comum –
tanto que sua mãe foi capaz de mencionar o fato no próprio nome de seu filho.
Porque? A gravidez ou o parto podem ter sido traumáticos.
Talvez ele tenha nascido sentado. Ou talvez a dor de sua mãe tenha sido emocional –
o pai pode tê-la abandonado durante a gravidez; pode ter morrido;
a família pode ter entrado numa situação financeira tal que a perspectiva de criar
outro filho trouxe apenas medo e preocupação.
Somente Deus sabe com certeza o que causou a dor daquela mãe angustiada.
Não que isso tenha feito tanto diferença para o jovem Jabez.
Ele cresceu com um nome que todo garoto odiaria.
Imagine passar a infância suportando a gozação dos meninos mais fortes,
lembrar diariamente que sua chegada não foi bem vinda e sentir vergonha
por ter um nome esquisito.
No entanto, o fardo mais pesado do nome de Jabez era como este nome definiria o seu futuro. Nos tempos bíblicos, um homem e seu nome estavam a tal ponto relacionados que a expressão “apagar o nome da terra”, equivalia a matar tal pessoa. O nome era freqüentemente tomado como um desejo ou uma profecia para o futuro daquela criança. Jacó, por exemplo, quer dizer “suplantador”, nome muito apropriado para o patriarca maquinador.
Noemi e seu marido colocaram em seus filhos os nomes de Malom e Quilom, que significa “franzino” e “debilitado” . E exatamente assim eram eles. Ambos morreram ainda jovens. Salomão significa “paz” e fazendo jus ao seu nome, tornou-se o primeiro rei de Israel a reinar sem precisar ir à guerra.
Um nome que significava “dor” não era um bom presságio para o futuro de Jabez.
Apesar de suas poucas perspectivas, Jabez descobriu uma saída. Ele cresceu ouvindo sobre o Deus de Israel que havia libertado seus ancestrais da escravidão, que os resgatara de poderosos inimigos e os colocara numa terra de fartura. Já adulto, Jabez acreditava e confiava piamente neste Deus de milagres e de novos começos.
Então porque não pedir por um? Foi isso o que ele fez. Orou e formulou o maior e o mais inimaginável pedido:
“Oh! Que me abençoes”.
Gosto da urgência e da vulnerabilidade pessoal deste apelo. Uma tradução mais literal do hebraico seria: “Abençoe-me muito mesmo”! Seria como acrescentar cinco pontos de exclamação ao pedido ou mesmo escreve-lo em letras garrafais sublinhadas.
Lá no fundo de minha mente imagino Jabez em pé diante de um imenso portão, fixado a dois muros, cuja altura alcança os céus. Oprimido pelo peso da tristeza de seu passado e da melancolia de seu presente, a única coisa que ele consegue ver diante de si é a impossibilidade – um final nada feliz. Porém, levantando suas mãos aos céus, ele clama: “Pai, meu Pai! Por favor abençoa-me! E Senhor, quero pedir-te que me abençoes... muito”!
Logo após a última palavra inicia-se a transformação. Ele ouve um forte estalo. Depois, o ranger das dobradiças, enquanto o imenso portão começa a se afastar dele, abrindo-se num enorme arco. Ali estendendo-se até o horizonte, estão os campos repletos de bênçãos.
E Jabez dá o passo inicial rumo a uma nova vida.
Bênçãos não se jogam fora!
Antes de sermos capazes de pedir a bênção de Deus com total confiança,
precisamos de uma compreensão clara do que esta palavra significa.
Ouvimos as palavras “bênção” e “abençoar” em todos os púlpitos.
Pedimos que Deus abençoe os missionários, as crianças e a comida que
estamos prestes a comer. É costume de alguns pedirem “bênção”
dos pais ou avós.
Não é à toa que o significado da palavra “bênção” tenha se transformado em
algo tão vago e inócuo quanto a expressão “bom dia”.
Não é de admirar que os cristãos de hoje não estejam à busca de bênçãos –
não sabem o que significa!
Abençoar no sentido bíblico significa pedir ou conceder um favor sobrenatural.
Ao clamarmos pela bênção de Deus, não estamos pedindo aquilo que poderíamos
conseguir pelo nosso próprio esforço. Estamos clamando pela maravilhosa e
ilimitada bondade, que apenas Deus tem de conhecer e de nos conceder.
É a este tipo de riqueza que o escritor de provérbios se refere:
“A bênção do Senhor é a base da verdadeira riqueza, pois não traz tristezas
e preocupações” (Pv 10:22).
Observe um aspecto fundamental no pedido de Jabez: ele deixou inteiramente
nas mãos de Deus a natureza da bênção, onde, quando e como ela seria dada a Jabez.
Este tipo de confiança radical nas boas intenções de Deus para conosco não
tem nada em comum com a “doutrina da prosperidade”.
Ela prega que você deve pedir a Deus uma Mercedes, um salário milionário
ou algum outro sinal exterior que possa significar que você encontrou um
meio de fazer seu pé-de-meia através de uma conexão especial com Deus.
Ao contrário, a bênção de Jabez é muito definida: Pede a Deus que ele nos
dê exatamente que aquilo que Ele tem reservado para nós.
Quando buscamos a bênção de Deus como valor máximo para nossa vida,
estamos nos jogando de corpo inteiro no rio da vontade de Deus, de seu poder e
de seu propósito para nós. Todas as demais necessidades se tornam secundárias
diante daquilo que realmente queremos: ficar totalmente imersos naquilo que
Deus está tentando fazer em nós, através de nós e ao nosso redor, para
a Sua glória.
Permita-me falar-lhe de um legítimo subproduto da busca sincera
pela bênção de Deus: a sua vida será marcada por milagres. Como posso saber?
Porque Deus nos promete, e tenho visto estas coisas acontecerem em minha
própria vida! O poder que Deus tem de realizar grandes coisas de repente não
encontra mais obstáculos em você. Você está caminhando na direção do Senhor.
Está orando exatamente por aquilo que Ele deseja. De repente, as forças
desimpedidas do céu começam a realizar a perfeita vontade de Deus –
através de você. E você será o primeiro a perceber isto!
Mas há um problema.
Seu João vai para o céu!
Suponha que Deus quisesse enviar-lhe 23 bênçãos hoje, mas você acabou
recebendo apenas uma delas. Qual seria a razão?
Conta-se uma pequena estória na qual seu João morreu e foi para o céu.
Pedro o aguardava junto aos portões para leva-lo a um passeio.
Ali no meio do esplendor das ruas de ouro, das mansões celestiais e dos coros
de anjos, seu João observa um prédio bastante estranho. Para ele aquilo se
parecia com um enorme armazém – não tinha janelas e havia apenas uma porta.
Porém, quando ele pede para entrar, Pedro hesita um pouco:
- Olha, acho que você não quer ver o que existe lá dentro - diz o
apóstolo ao recém-chegado.
Mas porque deveriam existir segredos no céu? Fica pensando seu João.
Que surpresa tão grande poderia me esperar ali? Quando o passeio
oficial termina, seu João continua pensando naquele edifício e pede
novamente para ver o que há lá dentro daquela estrutura.
Pedro finalmente cede. Quando o apóstolo abre a porta, seu João quase
o atropela em sua ânsia de desvendar aquele mistério.
Percebe que o prédio tem corredores e mais corredores com prateleiras,
do chão ao teto, cada uma delas repleta de caixas brancas amarradas
com fitas vermelhas.
“Estas caixas tem nomes escritos nelas”, nota seu João, pensando em voz alta.
Então, ele se vira para Pedro e pergunta:
- Há alguma com o seu nome? - Sim - responde o apóstolo. Pedro tenta levar
seu João para fora do prédio: - Francamente, seu João - diz Pedro - acho que
se eu fosse o senhor... Mas seu João já está bem próximo do corredor “J”,
procurando a sua caixa.
Pedro vai seguindo atrás, balançando a cabeça. Ele alcança seu João no
momento exato em que este já puxou a fita de sua caixa e está quase
tirando a tampa. Ao olhar o interior da caixa, seu João reconhece o
conteúdo instantaneamente. Deixa escapar um enorme suspiro, semelhante
aos muitos que Pedro já escutara tantas outras vezes.
A caixa continha todas as bênçãos que Deus queria ter dado a seu João
enquanto ele estava na terra... Mas seu João nunca pedira.
“Pedi”, prometeu-nos Jesus, “e dar-se-vos-á” (Mt 7:7). “Nada tendes,
porque não pedis” (Tg 2:4). A bondade de Deus não tem limites.
Mas se ontem você não pediu a sua bênção, então você não recebeu aquilo
que poderia ter ganhado.
É este o problema. Se você não pede a bênção de Deus, deixará de receber aquelas que são concedidas apenas mediante um pedido. Da mesma forma que um pai se sente honrado por ver um filho pedindo sua bênção, nosso Pai se agrada em atender generosamente quando a bênção dele é tudo o que você mais quer.
Abençoar faz parte da natureza de Deus!
Talvez você ache que seu nome também é sinônimo de dor ou problema,
que a herança recebida de sua família são dívidas. Você não se considera
um candidato a bênçãos.
Ou quem sabe, você é um daqueles cristãos que acham que, uma vez salvos,
as bênçãos de Deus caem sobre sua cabeça como uma chuva regular,
numa freqüência determinada e constante, independentemente daquilo que
você faça. Não é necessário nenhum esforço adicional.
Também é possível que você tenha optado por um modelo de “contabilidade espiritual”.
Em sua conta de bênçãos você possui uma coluna para depósitos e outra para saques.
Deus tem sido por demais bondoso com você nos últimos tempos? Então você
conclui que não deve esperar, muito menos pedir, que Deus credite algumas
bênçãos em sua conta. Você pode até achar que ele deveria ignora-lo por uns
tempos ou talvez fazer alguns saques, enviando algumas provações sobre sua vida.
Este tipo de pensamento é pecado, além de se constituir numa armadilha! Quando
Moisés disse a Deus no Monte Sinai “rogo-te que me mostres a Tua glória” (Ex 33:18),
ele pedia uma compreensão mais intima de Deus. Como resposta, Deus descreveu
a Si mesmo como “Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e
grande em misericórdia e fidelidade” (Ex 34:6).
Incrível” A própria natureza de Deus é ter bondade com tamanha abundância que
ela transborda sobre nossas vidas indignas. Se você pensa que Deus não é assim,
peço que mude sua maneira de pensar. Sugiro que você se comprometa a pedir –
todos os dias – que Deus o abençoe muito.
A liberalidade de Deus é limitada somente por nós, não por seus recursos, poder ou
disposição de dar. Jabez foi abençoado simplesmente porque se recusou a deixar algum obstáculo, alguma pessoa ou alguma opinião se colocar num patamar superior à
natureza de Deus. Faz parte da natureza de Deus nos abençoar.
Sua bondade em registrar a história de Jabez na bíblia é uma prova de que o que
importa não é quem você é, nem aquilo que seus pais decidiram que você fosse,
nem qual é o seu “destino”. O que realmente importa é saber quem você quer ser,
e pedir isto.
Através de uma simples e confiante oração, você pode mudar todo o seu futuro.
Você pode mudar aquilo que vai acontecer no próximo minuto de sua vida.
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