domingo, 13 de junho de 2010

Davi...Um homem segundo o coração de Deus.

Em toda a Bíblia não há outra pessoa de tanta notoriedade quanto Davi. Nem Abraão, que Deus chama de “meu amigo” (Is 41.8). Nem Moisés, que preferiu sofrer o desprezo por causa do Messias a possuir todos os tesouros do Egito (Hb 11.26). Nem os grandes profetas, como Isaías e Jeremias, que gastaram todos os seus dias e todas as suas forças para chamar de volta para Deus o povo eleito. Nem Paulo, o maior missionário e maior expositor do evangelho de todos os tempos.

A notoriedade de Davi nasce do seu relacionamento com Deus, o que se pode ver nas atitudes e nas composições poéticas e melódicas do ex-pastor de ovelhas. Tudo se resume nestas duas declarações que se completam: Davi é o “homem de Deus” (2 Cr 8.14) e o Senhor é o “Deus de Davi” (2 Rs 20.5).

“O meu servo Davi”
Deus se refere a Davi como “o meu servo Davi” (1 Rs 11.34, 36 e 38) e diz a seu respeito: “Encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração; ele fará tudo o que for da minha vontade” (At 13.22).

“O suave cantor de Israel”
As versões são diferentes, mas todas chamam a atenção para a musicalidade de Davi (2 Sm 23.1). Ele é “o suave cantor de Israel”, “o doce salmista”, “o mavioso salmista”, “o cantor dos cânticos”, “o favorito dos cânticos” ou “o compositor das belas canções de Israel”. Além de ser “um bom músico” (1 Sm 16.17, BP), tocador de harpa ou cítara, e compositor de muitas das “canções alegres” de Sião (Sl 137.3), Davi era fabricante dos instrumentos musicais usados pelos levitas no serviço de adoração (2 Cr 7.6).

A ele são atribuídos 73 dos 150 poemas do livro dos Salmos, um dos mais lidos de toda a Bíblia. Ainda se diz que Davi, quando jovem, teria praticado aquilo que hoje se chama de musicoterapia, para serenar o ânimo do rei Saul em suas estranhas crises emocionais (1 Sm 16.14-23).

“Como o meu servo Davi”
O comportamento de Davi como homem e como rei tornou-se o padrão de conduta para os seus sucessores. Depois da divisão do reino, Deus disse a Jeroboão: “Tirei o reino da família de Davi e o dei a você, mas você não tem sido “como o meu servo Davi” (1 Rs 14.8). Do rei Abias, neto de Salomão, diz-se que “seu coração não era inteiramente consagrado ao Senhor, ao seu Deus, “quanto fora o coração de Davi, seu predecessor” (1 Rs 15.3).

Está registrado que Asa “fez o que o Senhor aprova, tal como Davi, seu predecessor” (1 Rs 15.11). De Amazias, o cronista escreve: “Ele fez o que o Senhor aprova, mas não como Davi, seu predecessor” (2 Rs 14.3). E de Acaz registra-se que “ao contrário de Davi, seu predecessor, não fez o que o Senhor, seu Deus, aprova” (2 Rs 16.2).

“Por amor a Davi...”
Exclusivamente “por amor a Davi” (1 Rs 11.12), Deus é capaz de segurar por mais algum tempo a sua indignação contra Salomão por ele ter cedido à pressão de suas mulheres estrangeiras e construído altares para os seus deuses em Jerusalém. Pela mesma razão, não tiraria o reino inteiro de Salomão para dá-lo a Jeroboão, mas deixaria com ele as tribos de Judá e de Benjamim (1 Rs 11.13).

A expressão “por amor a Davi” aparece em várias outras passagens do Antigo Testamento (1 Rs 11.32, 34; 15.4; 2 Rs 8.19; 19.34; 20.6; Sl 132.10). Numa delas, Deus promete ao rei Ezequias logo depois de sua cura: “Defenderei esta cidade [Jerusalém] por causa de mim mesmo e do meu servo Davi” (2 Rs 20.6). O cartaz de Davi diante do Senhor beneficiou ora os reis, ora o povo, ora a cidade de Jerusalém.

“A cidade de Davi”
Embora não fosse a sua cidade natal, Jerusalém é chamada de “a cidade de Davi”. O cronista registra que, quando Salomão “descansou com os seus antepassados, foi sepultado na cidade de Davi, seu pai” (1 Rs 9.31). O mesmo se diz do sepultamento de Roboão, Asa, Acazias, Joás e dos demais reis de Judá.

A cidade do nascimento de Davi não era Jerusalém, mas Belém (1 Sm 20.6), que também é chamada de “cidade de Davi” (Lc 2.11). Foi Davi quem conquistou dos jebuseus a fortaleza de Sião, que veio a ser “a cidade de Davi” (2 Sm 5.6-8).

“O Filho de Davi”
Jesus era chamado pelo simpático nome de “Filho de Davi” e não por “Filho de Abraão” ou de qualquer outro membro de sua árvore genealógica. Em Nazaré, dois cegos clamavam atrás de Jesus: “Filho de Davi, tem misericórdia de nós!” (Mt 9.27). Após as curas realizadas por Jesus, o povo se perguntava: “Não será este o Filho de Davi?” (Mt 12.23).

Mesmo fora do território israelita, uma mulher da região de Tiro e Sidom foi a ele e gritou: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! [pois] minha filha está endemoninhada e sofrendo muito” (Mt 15.22).

Dois outros cegos, ao saberem que Jesus estava passando pela estrada de Jericó, gritaram a plenos pulmões para ele: “Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós” (Mt 20.31).

E na entrada de Jesus em Jerusalém, no final de seu ministério, tanto a multidão que ia na frente como a multidão que vinha atrás começaram a gritar: “Hosana ao Filho de Davi!” Quando a enorme procissão chegou ao templo, as crianças também entoavam: “Hosana ao Filho de Davi” (Mt 21.8 e 15). “Filho de Davi” era o título que os judeus davam a Jesus, na esperança de que ele fosse o Messias prometido e aguardado.

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