O Destino de Abraão
“Ora o
Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra e da tua parentela, e da casa
de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” Gn 12:1
Alguma vez você leu esse versículo e
pensou em um outro sentido para “a terra que eu te mostrarei”? Sempre
associamos essa terra a Terra Prometida (oriente Médio) e em um plano
espiritual: ao Paraíso, lugar dos salvos. Contudo, quero chamar sua
atenção para uma "outra terra" que seria um estado de espírito, um nível
de fé alcançado, após a peregrinação de Abraão.
Abraão, nasceu em Ur dos caldeus, seu
pai, chamava-se Tera. Eram dois os irmãos de Abraão: Naor e Hara (pai de
Ló). Hara morreu e possivelmente por não suportar a dor das lembranças,
a família parte em busca de um outro lugar para assentar as tendas. No
percurso, encontram a cidade de Hara: coincidentemente, a cidade, tem o
mesmo nome do irmão morto de Abraão. Não sei se esse fato teve algum
impacto para a família, o certo é que em Hara, escolheram habitar. De
modo que se lê: “E foram os dias de Tera duzentos e cinco anos, e morreu
Tera em Hara” Gn 11:32.
O pai de Abraão se sentiu confortável
em escolher Hara como morada, cada vez que o nome da cidade era
pronunciado, vinha à mente a memória de seu filho. Tera era um homem
saudoso e também idolatra. A reunião desses fatos, leva a crer que o pai
de Abraão, era um homem marcado pela insuperável dor da morte do filho.
Abraão convivia com seus parentes, olhava para sua limitações e
descrenças e se recolhia no campo para orar, interceder por eles.
Abraão, amava tanto seu irmão Hara (falecido) que adota seu filho Ló.
“Sai-te da tua casa e da tua parentela, para a terra que eu te mostrarei” Gn 12:1
Obedecendo a ordem do Senho,r Deus de
Israel, ele parte e leva consigo o sobrinho Ló. Lendo toda a trajetória
de Abraão, percebemos que Ló jamais deveria ter partido com Abraão, mas
deveria ter ficado e reconstruído sua vida em Hara. Mas eis aqui um dos
motivos que me faz acreditar que Abraão precisava ser moldado em seu
destino de peregrino. Precisava deixar para trás absolutamente toda
sorte de herança familiar e se tornar um novo homem a olhar para o
futuro e não ser dominado pelo passado. Não obstante todo o amor que
Abraão tinha pelo sobrinho, Ló trouxe muitos problemas para o tio,
especialmente porque ele não comungava da mesma fé . Não olhava na mesma
direção de Abraão, de modo que não poderia ser herdeiro das mesmas
promessas do tio.
Vejam só o que Deus fala para Abraão logo após ele ter se separado de Ló:
“ E disse o senhor a Abraão depois que
Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos e olha desde o lugar
onde estás, para a banda do Norte, e do sul, e do norte, e do ocidente.
Porque toda essa terra que vês te hei de dar a ti e a tua semente, para
sempre” Gn 13:14,15.
Depois que Ló se apartou de Abraão,
ele contemplou o futuro!!! Aleluia! A partir daí tem inicio uma nova
fase para o patriarca, seria ele e Deus. O que aprendemos com isso? Que
Deus tem um plano sim, para mim e para você: planos distintos. O passado
de dor, lembranças e erros, precisa ser abandonado para que possamos
enfim contemplar com os nossos olhos, o que Deus escolheu para nós. “Sai
da tua casa, da tua parentela, para o lugar que eu te mostrarei” Gn
12:1. Implica dizer não as tradições, não ao sentimentalismo, não a toda
sorte de herança que acreditamos fazer parte de nossa vida. Se nossos
pais foram infelizes nas escolhas, não precisamos carregar isso conosco!
É chegado o momento, em que nossos
olhos necessitam ser desvendados para “a terra que Deus nos mostra”.
Essa terra, pode estar a um passo de nós, mesmo assim teremos que
caminhar desertos sem fim para alcançá-la porque precisamos ser moldados
em nossa mente e espírito. Abraão, precisou se fazer peregrino, sair de
Hara, para montar e desmontar suas tendas em diversos lugares, em uma
representação de que a vida segue esse roteiro de “montanhas e vales” e
em cada lugar que chegamos sempre haverá a necessidade de viver pela fé.
Deus é o que nos dá a certeza das coisas, mesmo quando não encontramos
motivos para isso.
O destino de Abraão era alcançar o
ilimitado estágio da fé em um Deus que jamais abandona. Em um Deus que
perdoa, mesmo quando fraquejamos e embasamos nossa visão de futuro com
as ofertas do maligno: foi assim com Agar (Gn 16), um relacionamento
extraconjugal, que embora legal para os padrões da época, não era legal
para quem já havia recebido uma promessa, que não incluía Agar. E
enquanto Abraão se divertia com Ismael e apaziguava os conflitos entre
Sara e Agar, Deus silenciava: Quatorze anos sem se manifestar para
Abraão. A voz do silêncio era audível, tanto que o patriarca O buscava
entre lágrimas. Abraão estava habitando em um território difícil. Até
que:
“Sendo pois Abraão da idade de noventa
e nove anos, apareceu o Senhor a Abraão e disse-lhe: Eu sou o deus todo
poderoso, anda em minha presença e sê perfeito. E porei o meu concerto
entre mim e ti e te multiplicarei grandissimamente “ Gn 17:1,2
Abraão, Abraão, se apruma meu filho!
Por acaso te mandei coabitar com Agar? Anda em minha presença, me
obedece e herdará tudo que tenho preparado para ti. O inimigo tentou
roubar sua benção te enganado com falsa promessas, mas veja só “o rolo”
que deu. Eis-me aqui novamente para te fazer chegar a Terra prometida. A
Bíblia diz que após ouvir Deus Abraão “cai com o rosto em terra”. Ele
estava com o coração quebrantado, em mil pedaços, ansioso por
restabelecer a comunhão, por obedecer e ver cumprida a promessa.
Foi aqui que Deus mudou o nome de
Abrão para Abraão e de sarai para Sara. Quando ele tornara-se um homem
diferente, arrependido, convicto de que havia falhado e queria ser
redimido para herdar as promessas. Abraão havia adquirido o inabalável
dom da fé que o fez subir o Moriá para sacrificar Isaque na certeza de
que Deus o ressuscitaria. Enfim, Abraão havia chegado ao seu destino:
ele era um com Deus e não havia nada no mundo mais precioso do que esse
relacionamento.
"Pai, onde está o cordeiro para o holocausto? Deus proverá para si o cordeiro meu filho" Gn 22:7,8
O destino de Abraão muito nos ensina.
Ele não era um homem perfeito, mas tinha uma fé perfeita que o fazia
levantar e prosseguir. Vida de peregrino, com destino certo. Foi preciso
ele se despojar do passado, das tradições, dos murmúrios do mundo e
fixar o olhar em Deus e nas promessas que estavam sendo geradas entre
seus conflitos mais íntimos. Qual o passado que ainda nos atormenta?
Qual é o “Ló” que ainda nos acompanha? Qual é a “Agar” que abraçamos
como nossa e que resultou em contendas? Esses peregrinos precisam ficar
para trás, não são herdeiros das mesmas promessas que nós. Sim, Deus tem
um plano especifico para mim e para você. As circunstâncias nos moldam e
aprendamos a não nos lamentarmos pelo que não temos, mas a agradecermos
por tudo que temos sabendo que não precisamos ser iguais aos outros
para sermos felizes. Precisamos nos entregar a Deus na certeza de que
Ele tem sempre o melhor para nós, na medida em que nos movemos em Sua
direção.
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário